sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"Rec-rec-rec-rec tuuum!"



– Lata dágua na cabeeeeeeçaaaaaaa... Lá vai Mariiiiia – Cantava dona Lúcia enquanto passava a enceradeira pelo imenso assoalho da casa grande. O chão ficou com tanto brilho que dava até pra palitar os dentes olhando nele. Quando terminou tudo, passou a chave na porta da sala e saiu pela cozinha. Tinha de ir à venda do seu Tonico, comprar mistura pra janta. Esquecida como ela só, dona Lúcia deixou a porta da cozinha aberta...

Algum tempinho depois ela voltou, colocou a chave na fechadura da porta da sala, deu a primeira volta e ouviu: “Rec-rec-rec-rec-rec tuuum!” Deu mais uma volta na chave, agora com a porta destrancada, pegou na maçaneta para abri-la e: “Rec-rec-rec-rec tuuum, rec-rec-rec tuuum!”

– Credo em cruiz! Que que é isso? Só pode sê assombração! Óia que baruio! Eu que num vo entrá aí dentro! – E saiu correndo. Logo voltou com seu Chico a tira colo.

– Óia Chico, que baruio!

E ouvia-se: “Rec-rec-rec-rec-rec... Rec-rec-rec tuuum!”

– Lúcia! Que que é isso fia? Só pode se coisa do ôto mundo! Jandira, corre aqui vem vê muié! – Gritou ele, para esposa que sondava de longe.

Mais uma vez puderam ouvir: “Rec-rec tuuum... Rec-rec-rec-rec-rec tuuum.”

Jandira benzeu-se, horrorizada – Deus me livre! Que que é isso? Chico! Vai chamá o padre!

E seu Chico foi chamar o padre. Enquanto eles não voltavam, foi uma sessão de “rec-rec-rec-rec-rec tuuum”, alguma exclamação e horror das mulheres e mais um “rec-rec-rec-rec-rec tuuum”.

O padre, enfim, chegou até lá e, intrigado, pediu silêncio para analisar a situação e ouvir direito o som: “Rec-rec-rec-rec-rec tuuum”.

– Eu vou entrar. – Disse o padre.

– Não seu padre! E se fô o coisa ruim? – indagou dona Lúcia.

– Deixe de besteira minha filha... Vou entrar.

E entrou. (CONTINUA...)

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