segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Mulher de Branco - Final



– Que foi Aparecida? – perguntou a mãe vendo-a chegar esbaforida em casa – Cê ta branca! Que que aconteceu?

– Ai mãe! A muié de branco correu atrás de nóis!

– Que jeito minha fia? De nóis quem?

– De mim e dum homem que tava lá na rua da delegacia.

– Ara!

– É verdade mãe.

– Mas ocê viu ela fia?

– Vê eu num vi, mas ela tava correno atrás de nóis. Eu escutei quando o homem gritou e saiu num carrerão. Aí eu aí correno tamém. Ele tava mais na minha frente e ia atrás. Eu até pedi pra ele me esperar porque eu tava com medo, mas ele tava com mais medo ainda... Corria, corria e nem queis me esperar.

– Virge... Mas o que ocê tava fazendo lá na rua Aparecida?

– Eu tinha ido busca uns gainho de erva doce pra fazer um chá pra senhora mãe. Lá no terreiro de frente pra delegacia tem uns pé de erva doce. Eu tava lá panhano um tando e a hora que eu levantei de trás do muro, escutei o homem gritano e saí correno tamém.

– Sei... Vai falano...

– Eu tava com xale da senhora no pescoço, mas na hora de panhá erva doce, tava arrastano pro chão, aí eu enrolei na cabeça... Eu até machuquei meu pé porque meu chinelo rebento e eu tive que ir descalça, com esse frio.

– Aparecida...

– Senhora?!

– Óia no espelho, fia

Quando Aparecida olhou-se no espelho, viu a camisola branca, o xale branco e a sua cara de assustada virou um riso só.

– Virge, mãe... A muié de branco era eu!

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