domingo, 23 de agosto de 2009

"Rec-rec-rec-rec tuuum!" Parte 2



O padre entrou e fez-se um instante solene de expectativa... Que logo foi interrompido pelo próprio padre saindo correndo pela porta, tropeçando na batina e beijando o chão.

– Seu padre! Pelo amor de Deus, que que tem lá dentro? – Perguntou dona Lúcia.

– Padre, o sinhô ta branco! Que foi que o sinhô viu lá dentro? – Indagou seu Chico.

– Um bicho. – Respondeu o padre. – Um bicho cabeludo.

– Credo! – Todos, em uníssono.

– Um bicho cabeludo, que correu atrás de mim.

– Mas deu pra vê que bicho que era? – Perguntou dona Lúcia, arregalando os olhos, enquanto via dona Maria, a dona da casa, chegando do serviço, espantada com o tumulto na porta de sua residência.

– Num vi, minha fia, tava escuro...

– Ara! Que que tá aconteceno aqui? – Quis saber dona Maria.

– Tem um bicho cabeludo na tua casa cumadi! – Exclamou dona Lúcia. – E correu atrás do padre!

– Bicho cabeludo? Pêra já!

– Cumadi?!

Dona Maria passou por cima de todos e entrou na casa de supetão. Podia-se ouvir:

– Ara! Coisa feia! Que que ocê tá fazeno aí, Xandoca?! Ô Zé! Zé cadê ocê? – Dona Maria saiu na porta. – Argum doceis viu o Zé?

Ninguém entendeu. Parecia uma procissão de gente com cara de tonto.

– Cumadi Maria, ocê num fico com medo da assombração?

– Ara, Lúcia! Que assombração o quê...?

– Que gritêro que é esse Maria? – Chegou seu Zé esbravejando.

– Que gritêro que é esse?! É ocê impiastro de ômi! Cume que ocê me larga a tramela da porta do chiquero aberta?

– Quê?

– É! A Xandoca tá lá dendicasa, patinano no chão encerado. Num consegue andá, patina, patina e cai. “Rec-rec-rec-rec tuuum!”.

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