terça-feira, 4 de agosto de 2009

Os Três Conselhos



Parte 2



Fazia três dias que seu João estava na estrada. Estava fraco, faminto e debilitado. Foi revigorante quando avistou uma porteira e uma placa de madeira onde podia-se ler “Fazenda Maravilha”. Ele abriu a grande porteira e entrou; foi seguindo um trilho que levava até uma casa bem aparentada. Chegando lá foi recebido por Fausta, a cozinheira, que trabalhava para a família de longa data, bem antes de estabelecerem-se ali.

João contou a ela sua história enquanto comia um belo prato de arroz-feijão e frango frito. Fausta serviu-lhe um café forte e pediu que aguardasse um pouco, pois seu patrão ainda não havia chegado da cidade.

Seu Davi, o patrão, grande fazendeiro, um dos mais ricos da região, costumava ir à cidade pra tratar de negócios quase todos os dias. Saia pela manhã e voltava no crepúsculo.

Faltavam alguns minutos para as sete da noite quando seu Davi chegou. Fausta avisou-lhe do forasteiro que aguardava na cozinha. Seu Davi pediu para que fosse chamá-lo.

Quando João o viu, somente pelo seu olhar, conseguiu sentir-se aliviado. Davi era velho, cabelos acinzentados, porte europeu, todo posudo, mas seus olhos... O brilho dos seus olhos demonstrava grande jovialidade e inspiravam muita afeição. Ouviu com atenção a tudo que João dissera e prontamente deu-lhe o emprego.

João ordenhava as vacas que serviam para o abastecimento da própria fazenda, alimentava as galinhas, os patos e os porcos. Cuidava da horta, fazia alguns consertos na propriedade e estava sempre a disposição do patrão.

Quando dona Maria recebeu a primeira carta com notícias do marido, ficou imensamente feliz. Sentiu-se também aliviada quando contou as cédulas que eram grande parte do salário de João; o dinheiro dava pra pagar as contas e comprar comida.

Passaram-se alguns meses. Um ano. Dois anos. Dezoito anos. João afeiçoou-se tanto ao patrão, aos outros empregados e à própria fazenda que acabou ficando por lá sem notar o tempo passar. Sentia saudades da família, mas dizia para si mesmo que tudo era para o bem deles. Nunca deixou de enviar-lhes notícias e o dinheirinho para as necessidades do mês. Mas certa manhã, a saudade bateu tão forte que quase o derrubou. João quis voltar, precisava voltar. Assim, foi ter com o patrão para avisar-lhe da decisão... (CONTINUA)

Nenhum comentário:

Total de visualizações de página