sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Mulher de Branco



– É claro que é verdade! – Exclamou Tião, quase pondo os bofes pra fora – Eu to até branco, com as pernas bambas! Eu tava subindo a ladeira da delegacia, eram umas onze horas da noite, tava frio e não tinha ninguém na rua. Aí, quando eu tava passando bem em frente à delegacia, eu vi, saindo detrás da mureta do terreiro do outro lado da rua. Era a visão do inferno! Magra, encurvada, com um véu branco envolvendo a cabeça e descalça.

– E aí Tião? Que que o cê fez?

– Eu? Eu corri! – Como se fosse preciso perguntar, pois, tratando-se do Tião... Ele corre até da própria sombra. – Corri e gritei, “A Mulher de Branco!!!”. Corri mais que as pernas e, quando dei uma olhada pra trás...

– O quê?

– Num é que ela tava correndo atrás de mim?! Eu corria e gritava, ela corria atrás e gritava pra eu esperar.

– E o cê esperou?

– E eu sou besta? Eu ia esperar a assombração pra ela me pegar e...

– E...?

– E... Ah sei lá o quê. Num sei o que que assombração faz com a gente, mas num deve de ser bão.

– Ta, mas continua o causo!

– Quando eu tava passando pela encruzilhada que desce pra rua da igreja, ela sumiu!

– Sumiu?

– Sumiu... Nem sinal dela. Daí eu entrei em casa, rezei um terço e agora eu to aqui, contando tudo proceis.

E Tião contou no bar, na padaria, no açougue... Contou pro leiteiro, pro pedreiro e pro pipoqueiro e logo a história espalhou-se pela cidadezinha toda... (Continua)

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