domingo, 6 de dezembro de 2009

Maíra- Final



Maíra não era capaz de entender como uma pessoa, ou os lhos de uma pessoa pudessem causar tanto caos em sua mente. Nas noites seguintes, ela sonhava com aqueles olhos pretos e, quando acordava, saia correndo da cama para olhar pela janela, ver se os tais olhos estavam lá.

Naqueles dias, ela não conseguia pensar, comer ou respirar outra coisa além dos olhos. Tudo estava tornando-se um eufórico frenesi que evoluía a cada hora.

Certo dia, a moça tomava café da manhã olhando para fora, o dia indeciso, a chuvinha fina brigando com o sol altivo, quando teve um ímpeto. Decidiu resolver seus problemas. Saiu porta afora e iniciou uma caçada aos olhos pretos que lhe tiravam da sua tão amada e pacífica mesmice patética.

Maíra corria pela rua arborizada sentindo o spray fino da chuva fraca que caía enquanto o forte sol ardia sua pele. Essa mistura de estados metereológcos resultava numa bela explosão de cores no céu, um belo arco-íris, onde podia-se ver todos os espectros de cor. Mas a moça frenética nem percebeu a beleza das cores acima de sua cabeça... Só pensava nos olhos pretos e coloridos. Ela correu muito, e chegou a um lugar ermo, um casebre velho caindo aos pedaços, uma cerca quebrada, um pasto abandonado e um poço.

Ela parou de correr,aproximou-se do poço, olhou para baixo. O que viu? Sobre o espelho d'água, olhos pretos e o belo arco-íris do céu, mas agora na água. Olhos pretos e coloridos.

Maíra sentiu-se envolver por aquela mistura de preto e cores. Sentia as cores entrando por eu corpo, tomando conta de seu estômago, de seu pulmão enquanto os olhos pretos, o preto, tomava conta de sua mente até a completa escuridão.

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