sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Caldo de Cana



"[CLIENTE] - Dois reais o caldo de cana?! Tá caro heim?!

[ATENDENTE] - Você já viu quanto carro à álcool andando na rua? O Brasil consome vinte bilhões de litros de álcool por ano e a agricultura nacional não está dando conta de produzir tanta cana de açúcar, mesmo aumentando a área cultivada em dezesseis por cento...


[PAUSA]


[CLIENTE] - Me vê uma garrafa pra viagem..."


Este é o texto de um vídeo que rola no intervalo dos programas da TV cultura e me chamou muito a atenção pois ele reflete exatamente o contrário da mentalidade da maioria dos brasileiros. Quem trabalha com atendimento ao público sabe bem disso.

" O meu direito em primeiro lugar", todos pensam, questionam preços, eficiência, dinamismo, inovação e, claro, as empresas devem isso aos seus clientes.

Mas analisando o comportamento dos clientes eu, particularmente, acabo traçando uma linha divisória entre "cliente" e "humano". Da mesma forma que uma pessoa transforma-se completamente ao entrar em um carro, muda também de comportamento ao tornar-se um "cliente", ao estar do lado de fora de um balcão. Nesse momento, a pessoa passa a pensar exclusivamente em ser servida, e bem servida. É quase uma overdose de egoísmo.

Existem, também, algumas pessoas que ultrapassam a fase de querer ser bem servida e querem de toda forma tirar vantagem, ou pelo menos sentir que está em vantagem. Os sentimentos em relação ao atendente ou vendedor se anulam e o cliente nem quer saber se a loja já deveria ter fechado à meia hora atrás, ou se o funcionário deveria ter saído para almoçar a duas horas, ou se existem mais pessoas para ser atendidas.

Se existissem mais clientes com o mesmo modo de pensar do rapaz que comprou o caldo de cana, muitos casos de estresse e depressão poderiam ser evitados.

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