quinta-feira, 23 de julho de 2009

Frenesi



Assentaram-se, então, todos em bancos de madeira, em círculo e principiaram a levantar e a falar coisas que eu não compreendia e, por mais estranho que pareça, isso era conduzido por animais antropomórficos. Havia um boi almiscarado e um bisão que se comportavam como líderes e designavam outros animais para conversarem e desenvolverem atividades com os humanos. Havia avestruzes, hipopótamos, cães, galinhas, serpentes e um gorila grande e velho.

De repente tudo passou a ser estranhamente distorcido para minha percepção e senti-me abafado, aflito, desesperado, como um claustrofóbico trancado em um baú três vezes menor que seu próprio tamanho. Descontrolado comecei a gritar e me atirar no chão, debatendo-me e tentando atingir os animais ou os humanos, ou nada...

Todas as vozes animalescas pareciam direcionar-se precisamente a meus ouvidos, atingindo em cheio meu cérebro que pulsava forte como um coração “taquecardiado”. O aroma suave da brisa, agora, era um odor acre que ardia minhas narinas e ressecava minha garganta.

Esse frenesi durou uma eternidade e cessou quando vi uma serpente olhando profundamente em meus olhos, logo em seguida senti uma forte dor em meu braço e tudo tornou-se nada... E o nada era uma escuridão tremendamente tranquila.

Passaram-se duas, talvez três horas – ou será que foram dias? – e despertei novamente, apascentado e com vigor, mas não estava ao ar livre como antes... (CONTINUA)

Nenhum comentário:

Total de visualizações de página