sábado, 9 de janeiro de 2010

Papilote - Final





Quando amanheceu o dia, dona Tianinha levantou de supetão,dando os passos pesados de sempre e se deparou com um bando de criança dormindo espremida no cantinho da sala, e Maria Pailote toda esparramada, sozinha, na cama do quartinho da bagunça. A matrona tratou de espatifar com a molecada toda e perguntar o que tinha acontecido pra dormir todo mundo ali que nem rato pelado com frio no mato.

Maria Papilote levantou-se enquanto as crianças terminavam de contar o ocorrido na madrugada anterior.

- Dormiu bem prima? – Perguntou doa Tianinha.

- Muito bem! A cama tava muito boa...

- Mas ocê num tinha ido durmi no canto da sala perto da estante?

- Tinha... Mas eu vi a cama vazia e fui deitar lá.

- Bão! Agora vamo toma jeito que o sor tá quente lá fora e a casa tá uma baderna!

E foi a correria de sempre o dia todo.

À noite, quando seu Quinzinho chegou do serviço, todo mundo queria ouvir outra história. Sentaram-se todos na sala, em volta dele e ouviram sobre uma mulher de dois metros de altura que tirava trapos da boca, queimava no fogão de lenha e enfiava no nariz.

- Essa muié – Contou seu Quinzinho – Aparece sempre pras pessoa que fala nome feio. Ela põe medo inté a pessoa mijá nas carça, depois enrola ela nos trapo e põe no fogo e enfia as cinza no nariz.

- Valha me Deus!

- Credo em Cruiz! – Cada um soltou uma exclamação diferente.

- Mas num precisa ficá com medo não. Se oceis cumê bastante alho e cebola ela num ataca oceis não... Ela num suporta o chero desses tempero.

- Tá bão! Agora chega Quinzinho, que é hora desse povo i durmi!

Foram todos para seus cantos. A Papilote foi pra beirada da estante, só de olho nas meninas deitadas na cama de solteiro do quartinho da bagunça. Esperou um tempo, até ter certeza que todos estavam dormindo. Levantou-se sorrateiramente e foi resfriar as mãos no congelador.

Andou de vagar, ajoelhou na beira da cama das meninas, puxou a coberta de vagarinho e... Foi uma gritaria danada. Todo mundo acordou pra ver o que tinha acontecido.

A Papilote estava branca e atônita caída no chão do quartinho, as crianças em volta com cara de sono e dona Tianinha com ar de Triunfo.Ela tinha se escondido embaixo da cama. Esperou Maria Papilote chegar perto e puxou suas pernas. A moça ficou tão assustada e, depois do susto, tão envergonhada que decidiu ir embora, de volta pra capital no outro dia.




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